Na lógica da analogia do software e formatos proprietários à droga, na qual os traficantes oferecem as primeiras doses (é de graça, é de graça, não faz mal nenhum), por forma a criar habituação, e depois há os efeitos secundários que levam ao vício (dependência química ou, neste caso, vendor lock-in), quando Steve Ballmer veio cá a Portugal negociar o Memorando de Entendimento v2, tratou logo de arranjar um traficante local com abrangência nacional e apoio estatal: a Caixa Geral de Depósitos.
«Este protocolo com a CGD vem dar corpo ao compromisso da Microsoft no desenvolvimento da economia local (…) queremos motivar os estudantes a apostar na investigação e projectos empresariais inovadores», refere Nuno Duarte, director geral da Microsoft Portugal
E como vão eles fazer isso? O artigo é claro, “oferecendo” o que qualquer um já consegue obter gratuitamente na Net sem acordos de bastidores:
«a Microsoft irá disponibilizar, gratuitamente, às instituições de Ensino Superior, clientes da CGD, a plataforma Windows Live@Edu, oferecendo assim aos estudantes universitários um conjunto de serviços gratuitos, nomeadamente 10 Gigabytes para a sua caixa de correio electrónico pessoal, suporte para mobilidade, blogs, espaço para trabalho colaborativo, contactos, calendário, fotos, entre outros. O pacote de serviços inclui, também, protecção anti-spam e anti-vírus»
Eu pergunto-me é se somos mesmo todos estúpidos ao ponto de acreditar que é com estas tretas que se aposta na investigação e projectos empresariais inovadores, ou se são só as camadas decisoras por detrás destas génio-deficitárias decisões que são estúpidos.
Ou se calhar não é estupidez, é algo pior. Parafraseando o presidente da Mandriva quando perderam um negócio depois de uma súbita viagem de Steve Ballmer, nós cá em Portugal temos uma palavra para isto, sabia Steve? Imagina qual é… vá lá… eu sei quem em Inglês também existe…