Respondi ao Censo 2011

Respondi ao Censo 2011 com pseudónimos para mim e a minha família, e apresentei os seguintes comentários no questionário pós-preenchimento:

O desrespeito expresso, pela parte do INE, do devido anonimato de quem preenche o censo é fascizóide e censurável .
A gravação da resposta ao Censo 2011 vem num formato binário totalmente opaco e irrecuperável em caso de perda da plataforma: como conclusão, em vez de encomendar à Microsoft ou a algum Microsoftiano, deveriam ter utilizado Normas Abertas.

O primeiro parágrafo é auto-evidente, já o segundo, para quem não trabalhe na área, não.

O que se passa é que o Censo permite gravar os dados do Censo, mas vem num formato binário incompreensível exceto pelo programa proprietário que o gerou.

Assim sendo…

  • Em caso de perda do programa, são dados que passam automaticamente a lixo digital.
  • São dados meus e da minha família que não podem ser consultados por nenhum de nós.

Lastimável, mesmo.

RADICAL! Golias processa David

Depois de emitir uma constitucionalmente assegurada opinião online sobre uma entrevista onde se vê a opinião de Pedro Boucherie de Mendes, Director dos Canais Temáticos da SIC, sobre a crise em que vivemos, recebi um email (aparentemente legítimo mas não digitalmente assinado) desse senhor informando-me de que vou ser processado em tribunal.

Numa perspectiva de full-disclosure segue o seu email abaixo:

Caro Rui,

Como vai?

Chamaram-me a atenção sobre o que escreveu a meu respeito no seu blog. http://blog.1407.org/

Refiro-me a uma entrevista que dei ao jornal Sol.

As suas conjecturas a meu respeito são-me indiferentes.

Você e qualquer pessoa tem direito a elas.

Mas gostaria de falar consigo sobre as insinuações que faz a respeito do meu percurso profissional.

Além de ser non sequitur a sua conclusão, há um tremendo fedor a insinuação de que terei, digamos, galgado degraus sempre em posições de chefias por nepotismo.

Ou porque os meus pais compraram os meus cargos….

Cito em baixo.

Como se explica uma carreira baseada em posições de chefia? Quanto mais não seja, este “menino” não aparenta nunca na vida ter sofrido dificuldades… pela forma como fala, nem as deve ter sentido na infância (será mais berço de ouro?)…

Conclusão: é a santa arrogância de quem tem o rei na barriga

Na Internet as coisas nunca morrem e estas suas palavras vão ficar para sempre.

Qualquer pessoa escreve o que lhe apetece e pronto…

Ora a reputação e o bom nome são parte essencial do meu património profissional.

Não é sensato para a minha carreira deixar passar o tipo de coisas que v escreveu em claro.

Imagine que alguém faz uma busca sobre mim daqui a dois ou três anos…

Depara-se com os seus considerandos e não risca-me para sempre.

Razão pela qual terá de as explicar muito bem explicadinhas em tribunal.

Mais novidades em breve.

Aquele abraço e boa semana

PBM

Se alguém souber de um advogado que me queira defender e que tenha uma paixão forte pela liberdade de expressão, agradeço sugestões…

Só não há crise para os ricos…

Para o director dos canais temáticos da SIC, Pedro Boucherie Mendes, custa-lhe «acreditar que vivemos em crise» e cospe cá para fora uma data de exemplos demagogos (parafraseando, reclama quem não tem dinheiro para ir frequentemente a New York, reclama quem vai para a universidade de smart em vez de uma scooter).

Pois eu só fui a New York (pronto, a Manhattam) após muitos anos de trabalho dedicado, e porque devido ao filho que se aproximava não teria tão cedo outra oportunidade. Ficamos num T0 baratíssimo (considerando que estava a 20 s a pé de Times Square) alugado por baixo do balcão a um oriental qualquer que lá vivia e que deve ter ido dormir na casa da namorada enquanto ganhava uns dólares alugando o apartamento. Estudamos os descontos que conseguiríamos ter, os lugares mais baratos, e quais os supermercados onde comprar comida para fazer em casa, poupando uma boa maquia tendo em conta os preços das refeições (sobretudo nocturnas) nessa fantástica cidade.

Na universidade, ia a pé para poupar o passe do autocarro, apesar de no inverno andar 15, 20 minutos debaixo de chuva torrencial em Braga. Não havia smarts, e os parques já estavam todos cheios… não porque houvesse muitos alunos a ir de carro, mas porque os parques são pequenos. Se compararmos quem vai de carro ou scooter com quem vai a pé ou de transporte público para a universidade, rapidamente se verá quem é o demagogo barato (ou caro, no caso deste senhor).

Acha também que temos de nos comparar com os países que estão, perdoem a expressão, na merda. Pois eu acho que em vez de olhar com conformismo para quem está bem pior, temos antes de olhar com ambição e esperança para quem está bem melhor.

Como se justifica então esta arrogância? Basta olhar para o perfil deste senhor no Linked.in

  1. Ainda não tinha acabado a universidade, e já era director de programação numa estação de rádio
  2. Trabalha 6 anos na Media Capital, como editor de um caderno do Independente como último cargo
  3. Ainda durante esse tempo, acumula com o papel de editor deputado na revista MAXMEN, também na Media Capital
  4. Depois está 3 anos como Editor Chefe na FHM
  5. Durante esse tempo, ainda tira uma pós graduação em ciência política
  6. Desde então acumula três cargos
    1. director dos canais temáticos da SIC
    2. director da SIC Radical
    3. director da SIC K

Como se explica uma carreira baseada em posições de chefia? Quanto mais não seja, este “menino” não aparenta nunca na vida ter sofrido dificuldades… pela forma como fala, nem as deve ter sentido na infância (será mais um berço de ouro?)…

Conclusão: é a santa arrogância de quem tem o rei na barriga.

[Em 2011/03/15 corrigi umas pequenas gralhas]