Depois de emitir uma constitucionalmente assegurada opinião online sobre uma entrevista onde se vê a opinião de Pedro Boucherie de Mendes, Director dos Canais Temáticos da SIC, sobre a crise em que vivemos, recebi um email (aparentemente legítimo mas não digitalmente assinado) desse senhor informando-me de que vou ser processado em tribunal.
Numa perspectiva de full-disclosure segue o seu email abaixo:
Caro Rui,
Como vai?
Chamaram-me a atenção sobre o que escreveu a meu respeito no seu blog. http://blog.1407.org/
Refiro-me a uma entrevista que dei ao jornal Sol.
As suas conjecturas a meu respeito são-me indiferentes.
Você e qualquer pessoa tem direito a elas.
Mas gostaria de falar consigo sobre as insinuações que faz a respeito do meu percurso profissional.
Além de ser non sequitur a sua conclusão, há um tremendo fedor a insinuação de que terei, digamos, galgado degraus sempre em posições de chefias por nepotismo.
Ou porque os meus pais compraram os meus cargos….
Cito em baixo.
Como se explica uma carreira baseada em posições de chefia? Quanto mais não seja, este “menino” não aparenta nunca na vida ter sofrido dificuldades… pela forma como fala, nem as deve ter sentido na infância (será mais berço de ouro?)…
Conclusão: é a santa arrogância de quem tem o rei na barriga
Na Internet as coisas nunca morrem e estas suas palavras vão ficar para sempre.
Qualquer pessoa escreve o que lhe apetece e pronto…
Ora a reputação e o bom nome são parte essencial do meu património profissional.
Não é sensato para a minha carreira deixar passar o tipo de coisas que v escreveu em claro.
Imagine que alguém faz uma busca sobre mim daqui a dois ou três anos…
Depara-se com os seus considerandos e não risca-me para sempre.
Razão pela qual terá de as explicar muito bem explicadinhas em tribunal.
Mais novidades em breve.
Aquele abraço e boa semana
PBM
Se alguém souber de um advogado que me queira defender e que tenha uma paixão forte pela liberdade de expressão, agradeço sugestões…
Ontem a noite li o teu comentário sobre a entrevista do Boucherie e pensei… “isto vai dar m*rda”.
porquê? porque tiraste ilações e passaste julgamento através de insinuações sobre o percurso profissional dele baseado apenas no que vês no linkedin…. ora te pergunto, achas mesmo que todos os trabalhos que o PBM teve estão no linkedin?
o linkedin poderá não reflectir trabalhos menores que o PBM possa ter tido durante o seu período académico ou mesmo antes? ou achas que ele nasceu director?
eu próprio e pessoas da minha família já tiveram funções “menos relacionadas com a carreira actual”… desde call-centers a servir à mesa e nada disso aparece, claro, no linkedin.
Quanto a liberdade de expressão, tens toda. mas observa bem que as tuas insinuações finais do post não são liberdade de expressão….pelo menos segundo o meu entender da lei do nosso pais 🙂
eu gosto muito de ser troll nas internets mas há que ter cuidado com a difamação e a injuria…especialmente quando se fala de pessoas cuja imagem e reputação fazem parte do seu trabalho.
um abraço diferente e solidário,
Francisco
Bom,
Primeiro, que tudo, o que se vê no perfil do linked in é transparente, eu meramente sumarizei a informação numa lista com menos ruído visual do que o design da página. Se há ilações a tirar do seu perfil, são ilações que se se podem tirar directamente do linked in com o que o PBM escreveu ele próprio.
Segundo, não insinuei nada, perguntei como se explicava uma carreira daquelas porque me parece invulgar.
No fundo tentei perceber como é que alguém pode dizer as coisas que ele disse, e o perfil que lá está indicado é congruente com as coisas que diz.
Será que também vai processar o autor de Luís Rainha:O rapaz das mamas não gosta de comunistas?
E todos os comentários no artigo do SOL, alguns deles bastante fortes? Irá este “Golias” usufruir do seu poder e dinheiro para processar todos? Ou só alguns para fazer exemplo?
Não estavam estes senhores aqui há uns tempos no Parlamento a dizer que lhes cerceavam a liberdade de expressão (quando o que deviam-se preocupar era com a liberdade de imprensa)?
Em vez de gastar dinheiro a processar a torto e a direito, o PBM poderia resolver isto facilmente explicando como chegou a director de programação da Rádio Marginal. Não deve ter sido através do programa de estágios que a FCSH tem para os alunos de Ciências da Comunicação.
Quanto ao que o PBM disse na entrevista ao SOL só posso dizer que:
– “não tenho a certeza de que vivemos em crise.”: não sendo ele economista, não tenho a certeza de que o PBM perceba o que é a crise. Deixemos isso para os profissionais.
– “Qualquer parque de estacionamento de uma universidade está cheio de carros de estudantes.”: se ele está a falar do parque da Católica parece-me até que está a nivelar por baixo porque por lá é mais BMW e Mercedes. O parque da FCSH das últimas vezes que lá fui estava bem vazio.
– “E muitos destes jovens são filhos de pais que ganham bem e vão herdar uma casa.”: primeiro não são “muitos os jovens” com pais ricos e estes jovens se herdarem alguma coisa para além das dívidas talvez não tenham como as manter porque estão desempregados e nem dinheiro para pagar o IMI têm.
O email do PBM fala por si, explicando tudo tim tim por tim tim, não achas? 🙂
Acho sempre giro que se diga “indiferente” e “processar” no mesmo texto.
Eu li todo o teu artigo e não vi lá nada de especial.
Perguntar não ofende e tu só perguntas, questionas e indignaste.
Até acho normal que te tenhas sentido insultado pelo artigo dele. Eu também me senti e muito.