Obras que irritam

Em Portugal há uma espécie de mania de nunca acabar as obras.

1. Uma secção do passeio

O passeio no meu bloco de prédios estava francamente deteriorado por causa das raízes das árvores, pequenos afundamentos devido ao fluxo de águas por debaixo do empedrado, etc. É natural que aconteça com o tempo.

O que já não acho natural é que:

  1. tenham feito obras apenas num espaço de cerca de 20 metros cobrindo parte da fachada do meu prédio e parte da fachada do prédio seguinte (pelo menos aí ficou “harmonioso”)
  2. tenham ignorado os restantes 75% do passeio, nas áreas após esses 20 metros
  3. tenham deixado a área intervida toda cheia de terra por cima do empedrado, terra esta que nem a chuva a leva, e que entra pelo calçado, mesmo em sapatos fechados, de quem passa
  4. e isto foi há uns meses… finalmente liberto isto que tinha preso na garganta…

Não sei se foi a Junta de Freguesia de Benfica que fez esta obra mas tenho sérias dúvidas que tenha sido encomendada pela empresa que tem as portas para esta badalhoquice (Vision Lab). Muito infeliz deve estar por ter este lindo cenário terceiro-mundista mesmo à porta.

2. A caixa de eletricidade

De manhã estavam a fazer obras na caixa de eletricidade à porta do prédio e fiquei contente pois a caixa que lá estava tinha um ar pouco saudável e já era bastante antiga; tendo tido alguma obra paga pelo prédio para arranjar o chão à sua volta, que estava meio afundado e a permitir grandes infiltrações de água nas arrecadações adjacentes.

Claro que quando regresso ao fim do dia vejo que deixaram o chão todo partido, com blocos de cimento partidos do suporte da antiga caixa e… uma caixa novinha em folha.

Vá, se calhar não tiveram tempo… mas pelos vistos uma semana não chegou, pois uma semana depois… estava igual…

Semana esta com chuvas, e mais ainda devem aparecer, logo daqui a pouco há inundações novamente, sem dúvida.

Pergunto-me quem pagará os danos causados, a EDP? Pois… claro…

Correção a artigo no Observador

Hoje tive uma entrevista do Observador que resultou num excelente artigo, exceto que há um erro que pedi à jornalista para corrigir pois a frase está incorreta (a chamada não estava com qualidade perfeita por isso compreende-se o erro).

A citação problemática:

“Em Portugal, o que acontece é que os cidadãos se tornam infratores apenas por passarem um CD para um player de mp3, como um iPod e isto não faz sentido nenhum”, afirmou o presidente da direção da Ansol.

A lei da cópia privada existe em Portugal desde 1998, foi extendida ao digital em 2004 cobrindo CDs, DVDs e Mini Discs, e agora estão a querer extender a equipamentos que estão muito longe de ter como única ou principal função a cópia privada.

O que disse foi no contexto de exemplificar o comportamento similar a uma extorsão que as entidades coletoras utilizam perante os cidadãos, mais como:

«Ainda no Prós & Contras a AGECOP disse com desplante que só a cópia privada nos torna legais ao fazer cópias privadas, como passar um CD comprado para um player mp3 ou um iPod, como argumentação a favor das taxas, tal qual gangsters a dizerem ao lojista que só ao pagar-lhes um “seguro” previne as montras partidas.»

Fica o esclarecimento aqui enquanto não for corrigido o artigo.

Por favor, peçam à Presidente da AR para suspender a votação do #pl246 #pl118

Enviei o seguinte contacto à Srª Presidente da Assembleia da República, e recomendo-vos a todos, em particular os peticionários, que façam o mesmo (carregar aqui para contactar a presidente da AR).

Podem tomar a minha carta como um exemplo, mas se utilizarem as vossas próprias palavras, sempre de forma educada, terá muito mais valor do que expressões de ira.

Exma Srª Presidente da Assembleia da República,

Entreguei hoje, dia 17 de Setembro pelas 12 horas, à assistente do Sr. Deputado Ferro Rodrigues (por indicação do contacto que fiz com o gabinete de relações públicas) uma entrega parcial da nossa petição contra a proposta de lei 246/XII com mais de 5000 subscritores, estando assim seguramente superado o limite mínimo de 4000 subscritores para que a mesma seja debatida em plenário.

Como os procedimentos internos de comunicação deste facto podem ser mais demorados e a proposta de lei 246/XII será votada já esta Sexta-Feira dia 19 de Setembro, solicito-lhe encarecidamente a atenção de suspender esta votação até que a petição seja debatida em plenário.

Apresentamos também a nossa disponibilidade, como peticionários, para esclarecer os senhores deputados sobre as nossas preocupações com este tema, uma vez que no debate ocorrido hoje ficou patente que vários deputados não compreenderam nem a proposta que estão a apresentar, nem as consequências, nem o facto de ir contra a própria diretiva europeia e posteriores decisões do Tribunal Europeu de Justiça.

Os melhores cumprimentos,
Rui Seabra
Presidente da Direção
ANSOL

#PeC sobre Cópia Privada #pl246, momentos #pl118

Ontem participei no Prós e Contras que se focou na polémica proposta de lei 246/XII do Governo, que pretende extender as taxas da cópia privada ao armazenamento digital, maioritariamente utilizado para outros fins.

Como seria de prever, a SPA levou os seus órgãos sociais quase por inteiro para assegurar mais tempo de antena (missão cumprida, *suspiro*), a organização do evento deveria ter tido mais cuidado… a posição da SPA já estava representada na mesa onde também deveríamos ter estado a Jonas e eu, mas algo se passou que isso foi cancelado, e duvido que fosse por falta de partes defensoras da infame proposta.

Sigam uns momentos de humor e não te esqueças de subscrever a petição contra esta infame taxa (http://bit.do/pl246), apesar de entregue parcialmente no dia 17 de Setembro não fechou e precisa muito da tua assinatura, dos teus amigos e familiares! 🙂

«Santo Secretário de Estado da Cultura, venha a nós a vossa taxa, e ámen!»
«Santo Secretário de Estado da Cultura, venha a nós a vossa taxa, e ámen!»
Tó Zé, a cópia privada não é autorizada pelos autores, é compulsiva por definição na lei porque a alternativa era invasão de privacidade para controlar que não era feita...
Tó Zé, a cópia privada não é autorizada pelos autores, é compulsiva por definição na lei porque a alternativa era invasão de privacidade para controlar que não era feita…
«Quem é ele? Quem representa? Não percebo nada, dê erre eme? Quéééé?»
«Quem é ele? Quem representa? Não percebo nada, dê erre eme? Quéééé?»
«Eu tenho a plateia inteira a pedir para falar», perdão, os órgãos sociais da #SPA ;)
«Eu tenho a plateia inteira a pedir para falar», perdão, os órgãos sociais da #SPA 😉
«Mais um que já não passo na casa dele quando vestir o fato vermelho...»
«Mais um que já não passo na casa dele quando vestir o fato vermelho…»
O único que esteve em grande, pela canção colocada no domínio público em direto. Grande Vitorino Salomé!
O único que esteve em grande, pela canção colocada no domínio público em direto. Grande Vitorino Salomé!
Vitorino, cuidado! O teu concorrente mais jovem não te vai pagar taxa pela tua prestação!
Vitorino, cuidado! O teu concorrente mais jovem não te vai pagar taxa pela tua prestação!

SPA faz FAQ ao #pl118 / #pl246 sem credibilidade

A Sociedade Portuguesa de Autores está, claro, de acordo com uma proposta de lei que pretende assegurar-lhe indevidos milhões de Euros roubados à vasta maioria dos cidadãos sob a espécie de um assalto legalmente autorizado quando compramos armazenamento digital para as nossas fotografias e filmes de férias, os nossos dados pessoais, os nossos trabalhos digitais (quase todos eles nos tornam, a nós próprios, automaticamente autores).

Está tão de acordo com o roubo através de uma taxa sobre a cópia privada que até faz uma FAQ que não tem qualquer credibilidade.

Mentira da SPA sobre a taxa da cópia privadaExemplo 1, no ponto 2:

2. Mas se me permite copiar uma coisa que eu comprei, porque é que tenho de pagar outra vez?
Porque quando compra um cd, p.ex., compra para utilizar apenas nesse formato, como de resto vem expresso em todos eles. Para outras utilizações é que existe a compensação equitativa.

(…)

Todos os CDs dizem que só podem ser utilizados nesse formato?

A sério?

Não haverá um CD qualquer que não tenha isso, qual aldeia irredutível?

Vou investigar na minha coleção com mais de 300 CDs… pego em 3 aleatoriamente e… nenhum tem nada disso (aliás seria ilegal se o proibissem)… afinal será que a aldeia irredutível não poderá ser antes esta entidade obsoleta que só sobrevive se obter mama renda extorquida aos cidadãos?

Mentira da SPA criando confusão entre obras derivadas e cópia privadaExemplo 2, ainda no ponto 2:

2. Mas se me permite copiar uma coisa que eu comprei, porque é que tenho de pagar outra vez?

(…)

Quer dizer, sempre que utiliza a obra original num conteúdo legal necessita da autorização do autor, dado que a partir de um registo não se pode usar indiscriminadamente qualquer obra.

Huh? O que é que a Cópia Privada tem a ver com publicação de obras derivadas? NADA, a única motivação deste parágrafo é fazer as pessoas pensarem que fazem algo indevido ao passar para MP3 o CD que se comprou para ter várias músicas a tocar enquanto faz exercício ou para não desgastar o media original quando guarda CDs ao calor do carro.

Não fazem nada indevido, fazem algo autorizado pela lei, porque não faz qualquer sentido obrigar as pessoas a pagarem N vezes pela utilização privada daquilo que compraram legitimamente.

Mengtira da SPA sobre a piratariaExemplo 3:

3. A lei da cópia privada significa que eu posso fazer download do que me apetecer porque já estou a pagar direitos de autor no dispositivo onde vou guardar aquilo que escolhi?
Não, não pode. Só pode fazer download de conteúdos legais, ou seja, previamente autorizados pelos seus autores e nas respectivas condições contratuais.

O Ministério Público português considerou em 2012 que é lícito descarregar cópias de filmes e música em redes de Partilha de Ficheiros (P2P) em Portugal.

Adicionalmente, o ponto 4 poderia ser resumido à seguinte resposta: porque os proponentes de se taxar pela cópia privada estão sempre a juntar os dois temas na praça pública, alegando que nada têm a ver um com o outro mas estão sempre a puxar pela brasa. Isto causa uma associação mental na maioria das pessoas dos dois temas. O resultado é a confusão frequente.

Mentira da SPA sobre consenso à volta das taxasExemplo 4, no fim:

15. Esta Lei tem o consenso dos vários intervenientes do sector?

A Lei agora em análise é já o resultado de uma ampla concertação [dos beneficiados financeiramente pelas taxas] de interesses entre os criadores e produtores de bens culturais e os consumidores [apenas os associados da DECO, mas mesmo esta já se pronunciou contra a proposta de lei, por isso não a apoia nem pawrticipa no consenso]. Foi debatida no Conselho Nacional de Cultura e afinada pelos sectores da Economia e da Cultura no âmbito da Proposta do Governo.

Ampla concertação indeed… gostava de saber sobre a concertação daqueles que vão ser chulados.

Acho que não preciso sequer olhar mais a fundo para esta FAQ mal intencionada.

Se a SPA precisa mentir e confundir para defender a taxa da cópia privada, que credibilidade tem esta taxa?