Em mais um monumental erro de programação a SIC Radical deixou já há algum tempo de emitir esta fenomenal série canadiana, mas graças aos factos da vida, não deixei de continuar a acompanhá-la.
Acabei de devorar ver a 4ª temporada a um ritmo de 2/3 episódios por dia que, segundo consta, é o fim.
Será mesmo o fim?
Ou será que não? Os rumores (nenhuma referência de jeito excepto comentários no IMDB) são de que a ABC (empresa do grupo Disney) comprou qualquer coisa relacionada com a série, e os receios vão desde uma forte suavização (especialmente na crítica ao regime americano e na defesa à investigação com células embrionárias) ao “deita fora e começa de novo” que já deu cabo de várias outras séries.
Eu diria que “ser da Disney” não quer dizer tudo. O Pulp Fiction também é oriundo do grupo Disney.
Os actores
Sinceramente não fico nada descansado, até porque grande parte do valor da série são os excelentes actores que tem. Perdê-los será dramaticamente difícil de compensar:
- Peter Outerbridge, como o genial, indomável, linfomaníaco, drogado, alcoólico e com traços de leve esquizofrenia, micro-biólogo e director científico do NORBAC David Sandstrom
- Mayko Nguyen, como a bio-informática Mayko Tran
- Conrad Pla, como o geneticista homosexual Carlos Serrano
- Dmitry Chepovetsky, como o especial e génio bioquímico Bob Melnikov
- Maxim Roy, como a firme directora poliglota do NORBAC Caroline Morrison até morrer (a personagem) num atendado
- Sarah Strange, como a genial e frustrada virulogista Jill Langston
- Ellen Page, como a brilhantemente representada (infelizmente só na 1ª temporada) adolescente filha Lilith Sandstrom
- Greg Bryk, como o burocrata “back stage dealer” Weston Field
- Wendy Crewson, como a misteriosa virulogista Rachel Woods, com um passado intrigante na classe política americana
E uma data de outras personagens recorrentes ou temporárias que alimentaram uma das melhores séries de sempre.
Melhores (outras) características
- Uma profundamente deliciosa banda sonora de Tom Third, acompanha de selecções musicais de elevada qualidade
- Filmagem dinâmica com vários blocos acompanhando diferentes ângulos de forma simultânea ou levemente desfasada dando uma sensação de evolução da acção
- Novamente a filmagem dinâmica, mas fazendo rewind até um ponto recente para nos mostrar o que aconteceu em “paralelo”
- Retoques de especial realismo tais como:
- pesquisas no Google, sites de papers, nada de uma Internet maravilhosa que nunca ninguém viu antes como em quase todos os filmes que envolvem personagens informáticas
- écrãs de computadores que realmente parecem (embora não saiba o suficiente para o atestar não parecem fantasias na sua generalidade) realmente estar a mostrar dados que poderiam ser úteis a tal equipa
- cenários realistas de vida das pessoas (ir para o emprego de bicicleta, jantaradas de convívio em casa uns dos outros)
- e tantos outros pequenos pormenores que nos deliciaram
Uma coisa é certa: aconteça o que acontecer, para mim estas quatro temporadas ficaram-me para a memória. Mais surgissem 🙂