Marinho e Pinto é o único eurodeputado português presente no comité JURI (que trata com os assuntos jurídicos) e fez umas revelações à Exame Informática numa entrevista do meu estimado Hugo Séneca.
Hugo, desculpa mas não vou colocar o link. Não quero que o Artigo 11 da proposta de diretiva do direito de autor no mercado digital me venha a causar sarilhos e esta entrevista deixa-me com medo…
Na enrtevista Marinho e Pinto diz à boca cheia, a respeito de ser um eurodeputado no qual as pessoas depositavam a esperança de que pudesse travar a diretiva:
As pessoas que tinham essa expectativa não me conhecem.
Efetivamente não o conheço, Marinho e Pinto, pois pensava muita coisa positiva a respeito de si e afinal estava redondamente enganado.
Pensava que lesse as propostas de diretiva, mas pelos vistos não lê. Os artigos mais polémicos não são o “11º e 14º” mas sim o 11º, #linktax, e o 13º #censorshipmachines.
Pensava que entendesse que o #linktax não é contra o Google, é contra o funcionamento da Internet e eu, no meu blog, que é meu e não de uma outra plataforma qualquer, posso estar afetado também.
Pensava que entendesse que os filtros de upload são automáticos e no momento do upload. Não se trata de impedir pirataria mas de censurar o que um algoritmo considerar ser um positivo.
Pensava que entendesse que conhecesse o conceito de falso positivo, e neste tipo de tecnologias o problema não são os positivos mas os falsos positivos.
E há muitos falsos positivos, é por isso que os humanos são ainda muito melhores que as máquinas a identificar coisas (e por muito tempo continuarão a ser na minha opinião não leiga na matéria).
Pensava que entendesse que a disparidade de leis faz com que estes “positivos” sejam diferentes consoante a área geográfica do observador.
Pensava que entendesse que a partir do momento em que máquinas de censura prévia estejam implementadas, será trivial estender o seu controlo a conteúdos tidos como subversivos contra um regime autoritário seria trivial, bastaria colocar as keywords certas.
Pensava que iria defender a liberdade de expressão, que se encontra seriamente ameaçada.
Pensava que fosse defender os interesses dos cidadãos
Pensava que fosse defender os interesses dos autores, que cruzam, misturam e remisturam, apontam para a informação e muito mais.
Pensava que fosse impermeável a fortes lobbies de entidades corporativistas de gestão coletiva que apenas representam uma pequena porção de autores.
Pensava que não fosse desviar as atenções para fantasmas que são desmistificados por estudo atrás de estudo.
Enfim, pensava que fosse uma pessoa equilibrada, em vez de um extremista maximalista do direito de autor.
Mas efetivamente… não o conheço, Marinho e Pinto.