As propostas a analisar com atenção #pl245 #pl246 #pl247 (#pl118)

O Governo apresentou três propostas de lei, duas das quais merecem muita atenção:

  1. PL 245/XII – Regula as entidades de gestão coletiva do direito de autor e dos direitos conexos, inclusive quanto ao estabelecimento em território nacional e à livre prestação de serviços das entidades previamente estabelecidas noutro Estado-Membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.
  2. PL 246/XII – Procede à segunda alteração à Lei n.º 62/98, de 1 de setembro, que regula o disposto no artigo 82.º do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, sobre a compensação equitativa relativa à cópia privada
  3. PL 247/XII – Transpõe a Diretiva n.º 2012/28/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro, relativa a determinadas utilizações permitidas de obras órfãs, e procede à décima alteração ao Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de março.

A primeira, #pl245, deve ser analisada porque devemos perceber se vai dar algum equilíbrio às sociedades de gestão coletiva ou se vai continuar a beneficiá-las, e se não tem surpresas!

A segunda, #pl246, é a reencarnação do #pl118, merece muita atenção porque é uma proposta de lei que almeja roubar os cidadãos em geral para compensar um prejuízo que ninguém se atreve a contabilizar (porque será seguramente tão de minimis que perderiam logo qualquer razão factual). Assim sendo, é melhor fazer uma data de barulho a ameaçar processar o Estado (pelos vistos este chicote funciona…) e fazerem-se de vítimas enquanto obtém licença para nos roubar.

A terceira, #pl247, merece muita atenção porque as obras órfãs são um problema real da nossa cultura, ninguém as quer publicar, na sua vasta maioria porque nem sequer se consegue quem autorize a distribuição de cópias graças às idiotices das extensões dos prazos dos direitos de autor. Entretanto os suportes degradam-se, ou são destruídos para arranjar mais espaço para novas obras, e assim se perde uma porção enorme do nosso espólio cultural que deveria chegar ao domínio público, mas nem isso chega a acontecer.

Por isso, espero que saiam da letargia e contactem os vossos deputados favoritos.

Não os grupos parlamentares! Os deputados. Um a um! Se forem ao Grupo Parlamentar, vão ser passados para os “deputados peritos”, com a pasta do tema e, por exemplo no caso do PS, serão passados para a Gabriela Canavilhas ou para a Inês de Medeiros que são deputadas com interesses diretos no extremismo maximalista do direito de autor que nos roubar dinheiro com taxas injustas e nos rouba o domínio público com extensões injustas.

Dá algum trabalho porque não o fazem de forma a ser fácil, mas podem contactar os deputados através da lista de deputados disponível no site do Parlamento.

#Infarmed tem oportunidade rara com #SoftwareLivre

Boa tarde

Chamo-me Rui Seabra e presido a direção da Associação Nacional para o Software Livre, pelo que gostaria de chamar à atenção do Infarmed este tema.

Li no Tugaleaks que o Infarmed pagou para criar um software que deve funcionar em  iPhones e iPads e em devices Android (telefones e tablets), mas é acusado lá de ter alguns problemas sérios e talvez até fora da lei.

É importante salientar que no que li no caderno de requisitos que consta a obrigação legal de cumprir a Lei das Normas Abertas e que «todo o código produzido no âmbito do presente projeto é propriedade do Infarmed». Um pequeno à parte: isto não é lei da propriedade industrial não há aqui nenhuma invenção, o que se aplica é, sim, a lei do direito de autor e direitos conexos.

O Infarmed tem aqui uma oportunidade rara de sanar os problemas de que é acusado no Tugaleaks transferindo todo este código sob a licença, por exemplo, GNU GPL v3 ou superior para o SVN.GOV.PT, um projeto da Agência para a Modernização Administrativa, e assumindo o dinheiro pago como um investimento na criação de um programa livre que ainda não existia.

Estes dez mil euros poderiam ter sido investidos com o intuito de publicar os códigos fonte desta suite de aplicações e permitir que a sociedade civil participasse em desenvolvimentos futuros, melhorando a aplicação em futuras versões, talvez até sem muito mais investimento do Infarmed (naturalmente alguém deveria fazer algum Q&A das versões futuras que o Infarmed opte por utilizar).

A primeira versão pode não ser suficientemente adequada, mas pode perfeitamente ser melhorada, especialmente se todos pudéssemos ajudar.

Aceitará o Infarmed tal desfio?  Quer a nossa ajuda?

Os melhores cumprimentos,
Rui Seabra

#ACAPOR poderá ter violado direitos humanos…

http://falkvinge.net/2013/12/24/reminder-2-hunt-for-file-sharers-violate-fundamental-human-rights-says-european-court-of-human-rights/

The hunt for people who share culture and knowledge online violates article 10 of the European Convention of Human Rights, the most important Bill-of-Rights on the planet, according to no other court than the highest court of the land, superseding Supreme Courts and Constitutions: The European Court of Human Rights.

Não foi a ACAPOR que andou à caça de pessoas que partilhassem (esse elevado valor moral e cristão) ficheiros?

Colecionando grandes listas de IPs, na expectativa que a Polícia Judiciária se comportasse como a PIDE? 🙂

Levaram com um grande arquivo, mas não sei se com esta decisão não deveriam levar era com uma grande acusação do Ministério Público!

Querido Pai Natal (parte 2), por #AGECOP, #PL118

O que segue abaixo é a transcrição de cerca de 18 minutos da recente audiência da AGECOP no parlamento, perante a CECC. É intercalada por comentários meus, bem como todas as marcas de cor ou negritos ou bolds que eu tomei a liberdade de marcar para salientar pontos importantes.

Como é bastante longo, coloquei uma marca de “more” para não assustar quem abre a primeira página do meu blog. Continue reading “Querido Pai Natal (parte 2), por #AGECOP, #PL118”

Querido Pai Natal, por #AGECOP #PL118

A Agência para a Cópia Privada, AGECOP, ou rendeiros mor, foi ao Parlamento apresentar à CECC a sua lista de presentes que enviou ao Pai Natal:

agecop-xmas-list

  • discos hd (bluray [virgens, para gravação])
  • memórias USB
  • cartões de memória
  • discos rígidos externos
  • computadores fixos
  • computadores portáteis
  • tablets
  • consolas de jogos
  • leitores mp3/mp4
  • set-top boxes com disco rígido
  • tv com disco rígido
  • tv com gravador de dvd
  • sistema de som com disco rígido
  • sistema de som com gravador de dvd
  • leitor de dvd/blue-ray com disco rígido
  • leitor de dvd/blue-ray comgravador de dvd
  • smart-mobilephones com memória interna
  • smart-mobilephones com slot para cartão de memória
  • smart-mobilephones com memória interna e com slot para cartão de memória

A lógica destes rendeiros é que já que a renda à base de DVD’s, CD’s, cassetes áudio e vídeo diminuiu 90% e a lista acima aumentou 8000%, então sentem-se muito injustiçados e pretendem expandir a renda para passar a incluir aparelhos (a negrito) cuja capacidade de armazenar cópias privadas não passa de um mero acaso derivado de que no mundo digital tudo são ficheiros e que está longe de ser a função principal dos mesmos. É negligenciável e apenas tem cabimento na ganância.

Sobre os restantes (não negrito) não se pode dizer que a possibilidade de armazenar ou realizar cópias privadas seja negligenciável, mas ainda assim está longe de ser a principal.

Em suma,

Querido Pai Natal,

A renda que nos deu em 2004 não chega, queremos mais.

Ass. Rendeiros

Aposto que aqui a Inês de Medeiros foi só elogios e compreensão com os coitadinhos…

Audiência CECC à ANSOL #PJL228

A ANSOL foi convidada (e a AEL também) pela Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura para uma audiência sobre o #PJL228.

A posição da ANSOL está publicada no Parlamento e, a grosso modo, consiste em não reconhece prejuízo que deva ser compensado com um imposto na partilha não comercial de conteúdos, e que os estudos feitos concluem que tem efeitos positivos.

Para além disso, as leis de direitos de autor não existem para proteger um direito ao lucro (é das poucas áreas económicas que tem participantes que se julgam no sagrado direito a tal), mas sim para assegurar o acesso à cultura por todos os cidadãos:

  1. Assegura a criação de obras criando uma limitação temporária de quem pode autorizar a publicação por forma a que os detentores de direitos conexos possam fazer negócio face aos poderosos elementos que controlam os canais de distribuição
  2. E ainda, através da mesma limitação temporária, assegurando que essas obras chegam ao domínio público, ficando assim acessíveis a todos os cidadãos

Ora aqui o que está em questão não é a publicação comercial, mas a publicação não comercial entre pessoas privadas e que efeitos é que isso tem.

  1. Por um lado, os estudos dizem que as pessoas que levam a cabo estas partilhas, quer como recetores, emissores ou ambos, consoante as tecnologias envolvidas, até contribuem mais de forma financeira direta pagando em média 30% mais do que aqueles que não o fazem [1, 2]
  2. Por outro lado, ao terem acesso às obras está a cumprir-se o objetivo máximo das leis de direitos de autor, que consiste na codificação de um dos direitos do homem, a livre fruição da cultura

Depois da desilusão da Comissão que deveria assegurar os direitos dos cidadãos ter obedecido ao Governo numa violação dos princípios de separação de poderes ao chumbar os projetos de lei que corrigiriam a lei atual no que diz respeito ao DRM e aprovando a proposta de lei do Governo para aumentar prazos de alguns direitos conexos, espero que haja agora mais bom senso.

A ver vamos… quando se trata da equilibrar a balança dos direitos de autor resolvendo problemas dos cidadãos o Governo diz sempre que é preciso discutir num espaço mais amplo (numa promessa vaga de um futuro eventualmente talvez acontecer), mas quando se trata de beneficiar indústrias obsoletas em busca de proteção legal às suas táticas de extorsão, então é para fazer já, seja chumbar a resolução do DRM em Portugal, seja estender prazos de direitos conexos, será também o chumbo da liberalização explícita da partilha não comercial?

Gravar conversa com Domingos Névoa vai custar 1200 euros a Sá Fernandes

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/gravar-conversa-com-domingos-nevoa-vai-custar-1200-euros-a-sa-fernandes-1607986

Portugal tem destas coisas surreais…

Homem ‘honesto’ tenta subornar político.

A conversa é gravada e o caso vai a tribunal.

Homem ‘honesto’ é ilibado porque na definição portuguesa de corrupção, tentar corromper quem afinal não tem o poder para realizar o acto poderá ser apenas estúpido, mas não criminoso.

Face isso, processo por difamação ou gravação ilegítima, não interessa muito o quê, do homem ‘honesto’ contra quem fez a gravação.

Ganha.

Vai receber 1200 €!

Porra para esta merda!

Portuguese dictionary for OpenMoko’s Illume keyboard

Hi, taking advantage of a word list composed from one million words of a Portuguese newspaper, I filtered, and filtered and filtered the garbage (and I have a strong idea it still has a lot of garbage), to generate a Portuguese dictionary for OpenMoko’s Illume keyboard.

Since UTF-8 support is still borked, I have replaced special characters like é with a plain e. Yeah, it’s like using an US keyboard for writing Portuguese, but one’s gotta work with the eggs one has in order to make an omelet.

Enjoy: Portuguese (ASCII).dic

Just do:

bunzip2 "Portuguese (ASCII)-0.1.0.dic.bz2"
scp "Portuguese (ASCII)-0.1.0.dic" root@192.168.0.202:Portuguese\ \(ASCII\).dic
ssh root@192.168.0.202
mv Portuguese\ \(ASCII\).dic \
   /usr/lib/enlightenment/modules/illume/dicts/Portuguese\ \(ASCII\).dic

With a lot of thanks to Alberto Simões for pointing me to http://www.linguateca.pt/ACDC/ and Rasterman for the hints about the (quite simple) file format.