Relatório da Manifestação Contra Patentes de Software

Esta manifestação foi muito súbita, e nada bem anunciada, pelo que me surpreende a participação, ainda assim de cerca de 1/3 das pessoas que compareceram na manifestação do ano passado.

A destacar pelo positivo: a excelente participação dos dois agentes da PSP

A destacar pelo negativo: a infeliz participação do Director do Hotel, o Sr. Américo Tomás.

Assim que cheguei ao local, fui-me identificar perante o Agente da PSP que se encontrava presente, era o Agente Principal, Cabo de apelido. Tinha instruções de que deveríamos nos manifestar do outro lado da Av. Fontes Pereira de Melo… em obras, o que nos obrigaria a utilizar a via de circulação automóvel, perigoso e mau para o trânsito (para não falar nos nossos pulmões). Muito polidamente, saliento que a regra da distância de edifícios é só para certos edifícios de entidades estatais, coisa que o Hotel não o é. O Sr. Agente confirma com o seu superior, ao que, em resposta positiva, pergunta-me quantas pessoas esperava que surgissem. Tendo consciência de que se fosse melhor anunciada poderia vir mais gente, disse que não contava que ultrapassasse as 30 pessoas, e sugiro ficarmos em frente ao Hotel, na língua de passeio em frente. O Sr. Agente concorda e prossegue a limpar o caminho, leia-se: a fazer remover as viaturas mal estacionadas 🙂

Enquanto esperava um bocado por começar, vem o porteiro perguntar sobre o que se passa, certamente a mando do Director, e dou-lhe um autocolante da Barra de Progresso e uma cópia do folheto A4 que distribuia (frente e verso). Quase logo de seguida surge o Sr. Director Américo Tomás, muito preocupado com os seus hóspedes, não fossem ser incomodados, ao que lhe asseguro que nem o Hotel nem os seus clientes são alvo da manifestação, mas sim o colóquio de extremistas pró-patentes de software que se estava a realizar no seu Hotel.

Américo Tomás nega estar a haver um colóquio no seu Hotel. Ou não sabe o que se passa no Hotel que dirige, ou então mentiu perante um Agente de Autoridade. Eu disse que achava estranho ainda no dia anterior estava anúnciado como sendo no Hotel, e estando um amigo lá dentro estranhava que tivesse mudado de lugar sem ter conhecimento. Sempre garantido não estar a fazer nem do Hotel nem dos seus clientes um alvo, o Sr. Director lá volta para o interior.

Após esperar um bocado, começo a medir, para ver se o cabo que levava para pendurar os panfletos chegaria para extender entre o poste de iluminação e uma grades de obras, podendo assim expor os panfletos em frente à entrada. Imediatamente, o Sr. Director Américo Tomás corre cá para fora para me tentar impedir, perguntando o que estou a fazer. Eu explico que como não pretendo andar a colar cartazes em paredes, tinha trazido um cabo para os pendurar. “Não quero nenhuma feira em frente ao Hotel”, diz o Sr. Director, exigindo que eu pare imediatamente. Com uma polidez que não me sabia capaz, respondo-lhe “Não sei se o Sr. tem autoridade para me impedir de me manifestar” e aceno para o Agente Luís, fazendo-lhe sinal que necessitava dele. O Sr. Agente confirma que estou na via pública e que o Director não tem o direito de interferir com a minha manifestação, eu reitero que é uma manifestação contra o colóquio da APDC que decorre no seu Hotel e não contra o Hotel ou seus clientes. O Sr. Director nega a existência do colóquio, ou sequer saber que entidade é a APDC, que já vários colóquios fez no seu Hotel.

Prossegue então para dizer que os postes de iluminação pública são propriedade do Hotel. O Sr. Agente não se deixa enganar, pois afinal são os mesmos postes que estão no resto da Avenida. O Director ainda tenta alegar que deram dinheiro para que fossem lá colocados, mas vendo que não enganou ninguém, desiste e volta para dentro.

Começamos então a pendurar os panfletos, e a dada altura surge a jornalista Fátima Caçador da Casa dos Bits, que nos diz que já acabou… meio em estado de choque, nem lhe consigo dar a atenção devida, e só consigo continuar a pendurar panfletos… não fosse o José Simões a falar com ela, ainda teria ficado uma situação pior.

Aparentemente faltaram oradores, e tudo acabou pelas 17:45+- 17:45???? Como é que isso era possível, o encerramento era às 18:30…

Agora, com cabeça mais fria fui investigar, e descobri que o programa foi alterado meras horas antes do evento. Para meu gáudio não alteraram a página direito, restando ainda no cabeçalho as 18:30 originalmente programadas. Receando mais alterações, retro-activas fiz um backup da página do colóquio e do programa. Azar. Enfim.

Acabamos por ficar em frente ao Hotel até perto das 20h a falar entre nós, e ainda pude dar uns esclarecimentos ao Sr. José Novais, “um cidadão interessado em assuntos de cidadania”.

Despedi-me do Sr. Agente Luís, e seguimos então, os que sobraram, para o Sotto Maior, para se tomar um café de convívio antes de seguirmos todos para casa.

Entretanto recebo um SMS do João Neves a dizer que o evento foi muito mais equilibrado do que o que temíamos. Pelo menos uma notícia agradável…

Resta-me agora apenas escrever para o Sr. Director Américo Tomás e para a administração do Hotel a comendar o esclarecimento que o Sr. Director tem sobre os eventos que decorrem no Hotel, apenas superados pelo seu esclarecimento sobre direitos civis e as áreas limítrofes do Hotel, apontando para este URL para saber mais detalhes sobre o meu apreço pela sua participação.

8 Replies to “Relatório da Manifestação Contra Patentes de Software”

  1. Como estou a migrar para WordPress, estou a copiar os posts deste artigo, daí que surjam todos como feitos por mim.

  2. Press Echo

    Dada a presença da jornalista Fátima Caçador, já seria de esperar cobertura no Tek Sapo, bem como o anúncio da manifestação :).

    O único comentário que faço, à cobertura e sobre a parte que me toca, é o seguinte, quando diz:

    Ainda assim, o responsável congratulou-se com o facto do Secretário de Estado para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, assim como o gestor da UCPT, presenças esperadas no evento, não terem comparecido e considerou que as ausências “podem ser um sinal de não comprometimento do Governo com uma posição em relação a esta matéria”.

    Eu não considero que me tenha sentido congratulado, mas sim aliviado!

  3. A luta continua

    Começo por salutar os membros da organização deste evento, os quais, com a maior simpatia receberam os poucos adeptos presentes deste movimento.

    “Como cidadão”, como trabalhador na área das TI’s, e cito o slogan da empresa onde trabalho “Open Source Consulting“; como membro activo da comunidade Open Source, e ainda como um dos Fundadores do Núcleo Português de FreeBSD; decidi com muito entusiasmo participar neste evento, dando assim o meu voto em pról do bem de muitas familias.

    Mesmo contra “ventos e tempestades”, o evento marcou presença e não se deixou passar por despercebido quanto “ao Problema das Patentes”, no entanto penso que mais iniciativas destas devem ser levadas a cabo e a bom porto, pois é caso para dizer que “os fins justificam os meios”; não quero com isto dizer que deveriamos começar a disparatar mas quisá ser mais únido e pró-activo (esta semana estou a repetir muito esta palavra, se calhar falta mesmo disto em Portugal).

    Reverse Engenniering“; Para além de a luta ser travada no campo de batalha “deles”, vamos traze-los para o nosso.

    O que quero com isto dizer é simples, e quisá já foi feito, mas aqui vai.

    Fazer o mesmo que a apdc fez: criar um evento onde o bolo é composto por: Professores catedráticos com forte influência na área do Open Source, políticos/deputados, Empresas de renome e quisá pequenas empresas/grupos de trabalho em Open Source em Portugal. Com isto, de uma forma sóbria se poderia “educar” a tanta desinformação que por ai anda.

    Penso que basta de “estupidificar” o povo Português, para isso basta “SIC’s 10horas” e todo esse layer de desinformação.

    Abraço
    Francisco Alves Cabrita

    PS:Aproveito para agradecer o café ao Rui e tb que pode contar com a minha presença/participação nestes eventos, abraço.


    WINDOWS: “Where do you want to go today?”

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